quinta-feira, julho 24, 2008

Querer-te apenas...

Não me tragas mais lágrimas! As minhas são mar de abundância e de dor.
É muita crueldade amar-te e não te querer. Sou insana e impura… Não tenho já razão, nem juízo.
A terra que piso é áspera e seca (quase como eu…) e o sol queima-me sem pudor o corpo nu que plantei na ribanceira das palavras.
Ah meu amor!… Se me cobrisses o corpo com beijos e me abraçasses assim a alma… Como quando entras nos meus sonhos! Mas nem tentes! Mandar-te-ia embora e ficaria ali, quieta, muda, eu e as lágrimas (malditas!).
As trevas entraram-me na carne e quando me firo o sangue é negro, quase da cor dos teus olhos. Amar-te e não te querer é tortura a que me voto propositadamente, porque gosto do sabor a sal, deste aperto no peito, desta inquietude da alma. É assim que te quero… amando-te na distância, colocando-te na lua, bem longe de mim, para que te tenha mais saudades e para me purificar pelo erro do desejo.
As palavras… fogem-me! Penso que caíram já todas, ou afogaram-se! Não te consigo já dizer o que sinto e não sei porque sinto, se apenas queria não sentir. Não sentir, não chorar, não sofrer… e apenas querer-te!

Vera Sousa Silva

terça-feira, julho 01, 2008

XI Concurso Luso-Poemas - Vinho Quente


Apresento-vos o poema "Vinho Quente", com que venci (sim, sim, não sei como, mas venci mesmo) o XI Concurso Luso-Poemas, sob o tema “O Vinho”!


Vinho Quente


Escorregas em mim quente,

Doce.

Adivinho-te pelo odor puro,

Frutado.

E apeteces-me…

Tua cor de sangue desperta-me o desejo

De te ter assim meu, nosso…

Ardente,

Quente!

Não te bebo,

Saboreio-te na lucidez da noite,

Brindo à lua que se despe devagar,

Pálida, invejosa.

Mas és só meu e escorregas em mim…

Quente,

Ardente…


Vera Sousa Silva